Vocês já pararam para pensar nas relações entre a música e ciência?
"As relações entre ciência e música são muito profundas e têm suas raízes no próprio surgimento da ciência moderna. A música tem uma base física importante: são os sons afinados pela cultura que a constituem. Por outro lado, ela foi utilizada muitas vezes como metáfora e como inspiração para interpretar o mundo físico, em particular nos modelos cosmológicos." é o que nos conta o Dr. prof. Ildeu de Castro Moreira do Instituto de Física e Área Interdisciplinar de História da Ciência e das Técnicas e Epistemologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ ) e a jornalista Luisa Massarani do Centro de Estudos do Museu da Vida da Casa de Oswaldo Cruz, Fiocruz.
Fig. 1: Dr. Prof Ildeu (ele tem uma cara de Físico) |
Fig. 2: Jornalista Luisa Massarani |
A música é uma das artes mais ligadas à matemática e à física, podendo assim fazermos o seu paralelo direto com as ciências. Até meados do século XVI, ela era considerada um ramo da matemática. No período medieval constituía uma de suas disciplinas, integrando o quadrivium (do latim quatro e via: caminho, "quatro caminhos"): aritmética, geometria, astronomia e música.
A música é uma arte escorada em medidas precisas, o que garante uma aproximação com a ciência. Por outro lado, ela foi usada muitas vezes como metáfora e como inspiração para interpretar o mundo, em particular nos modelos cosmológicos, ou em tentativas descritivas da estrutura da sociedade humana. Se as descobertas científicas e os avanços técnicos estimularam mudanças e transformações na música em muitos aspectos, o oposto também se verificou. Em diversos períodos da história questões emanadas da música estimularam a investigação científica.
A harmonia musical do cosmo já mencionada, por exemplo, no Timeu de Platão promoveu uma concepção de uma harmonia universal no mundo físico que perdurou por séculos nas visões cosmológicas e foi uma fonte inspiradora para que Kepler chegasse a suas leis sobre o movimento dos planetas. Além das relações gerais já apontadas entre música, física e matemática, alguns outros aspectos emergem nas suas relações com a ciência: a construção de instrumentos musicais, que guarda ligação direta com o conhecimento físico e tecnológico da matéria e da acústica; as relações profundas entre o tempo, entre outas idéias.
Fig. 3: John Alexander Reina Newsman |
Os elementos semelhantes possuíam massas em uma relação de multiplicidade 8, denominada “Lei das Oitavas”, que buscava a ordenação dos elementos químicos seguindo o exemplo da música, como as notas musicais (dó, ré, mi, fá, sol, lá, si, dó').
Fig. 4: John Blake, foto retirada do seu site |
Já o contrário um músico dos EUA, Michael John Blake, resolveu pegar aquele número gigante, o Pi (vamos lá: 3,14..., e assim vai) e transformá-lo em uma canção. Como? Bem, tradicionalmente, cada uma das sete notas musicais está associada a um número. No caso: o Dó vira 1, o Ré vira 2 e assim por diante. A partir dessa transposição, ele criou um arranjo com piano, violão, acordeon, banjo e outros instrumentos (com direito a palminhas, até!) dos primeiros 31 dígitos do Pi. Achei o vídeo deste incrível trabalho no Youtube, segue aí:
Aproveitando para deixar uma pulga atrás da orelha dos músicos matemáticos, por que não fazer o mesmo para o número de Euler, o Neperiano?
Para aqueles que querem se aprofundar um pouco mais neste assunto, segue uma lista com alguns links interessantes que tratam do assunto:
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